12 de setembro de 2013

A Casa Favorita..

No fim de agosto, eu fui convidada para levar um estudo bíblico para alguns jovens/adolescentes da igreja do bairro Jativoca (Jlle/SC)em um retiro promovido por eles.

Antes do estudo começar, como é costume, houve um momento de louvor. Entre as músicas, uma delas chamou minha atenção e vem martelando na minha cabeça desde semana passada: chama-se "Casa Favorita". Esta canção é do grupo gospel "Filhos do Homem"; segue letra;

Encontra em mim ó Deus, algo de valor
Quero atrair tua presença.
Tua misericórdia, oh Deus de Israel
Enche o templo com tua glória

Restaura a casa caída de Davi
Para que os povos saibam
Há um Deus em Israel, Yeshua!

Eu quero ser um lugar
Onde você gosta de estar.
Eu quero ser tua casa favorita
Quero ser o teu altar.

E, pensando nesta música, eu lembrei de uma outra casa, ou melhor, casas e de uma reforma.

As casas são bem conhecidas popularmente: As dos Três Porquinhos. Como eu adoro contos de fadas, permitam-se contar este:

Os personagens do conto são três porquinhos - Prático, Heitor e Cícero - e um lobo (lobo mau), cujo objetivo era devorar os porquinhos. Ao decidirem sair da casa de sua mãe (em algumas versões, da avó - lembrando que em algumas versões, eles recebem uma herança de sua mãe/avó para assim poderem construir as casas) eles foram construir cada um a sua própria casa.
Cícero, o mais preguiçoso, não se queria cansar e construiu uma cabana de palha. Heitor, decidiu construir uma cabana de madeira, enquanto Prático optou por construir uma casa melhor estruturada, com cimento e tijolos. Como a sua casa demorou mais tempo para ser construída, Prático muitas vezes via os irmãos se divertindo enquanto se esforçava para terminar o trabalho.
Um dia o lobo surgiu e bateu na porta da casa de Cícero, que se escondeu. Mas o lobo, com um sopro forte, desfez a casa. Enquanto Cícero fugia, o lobo foi bater na porta de Heitor e, com dois sopros fortes, destruiu também a cabana de madeira.
Heitor fugiu para a casa de Prático, onde já se encontrava Cícero. O lobo então foi à casa de Prático e tentou derrubá-la, sem sucesso. Após muitas tentativas, o lobo decidiu esperar a chegada da noite.
Quando anoiteceu, o lobo foi tentar entrar na casa descendo pela chaminé, mas começou a sentir cheiro de queimado. Era Prático que, com uma panela estava a queimar a cauda do lobo. O lobo então fugiu assustado e nunca mais voltou,e eles viveram felizes para sempre.
fonte: Wikipedia.org

Além das casas, esta música me lembrou de uma reforma. Esta reforma encontra-se na Bíblia Sagrada, no Antigo Testamento, em 2 Reis 23: 1 - 3

Então o rei convocou todas as autoridades de Judá e de Jerusalém. Depois o rei subiu ao templo do Senhor acompanhado por todos os homens de Judá, todo o povo de Jerusalém, os sacerdotes e os profetas; todo o povo, dos mais simples aos mais importantes. Para todos o rei leu em voz alta todas as palavras do Livro da Aliança, que havia sido encontrado no templo do Senhor.
O rei colocou-se junto à coluna real e, na presença do Senhor, fez uma aliança, comprometendo-se a seguir o Senhor e obedecer de todo o coração e de toda a alma aos seus mandamentos, seus preceitos e seus decretos, confirmando assim as palavras da aliança escritas naquele livro. Então todo o povo se comprometeu com a aliança.

O rei Josias foi o primeiro "rei bom" depois de uma longa lista de "reis maus". O que isso realmente quer dizer? Isto que dizer que depois de vários reis pagãos, finalmente, Jerusalém teve um rei devoto APENAS à Javé.

Ele fez o que o Senhor aprova e andou nos caminhos de Davi, seu predecessor, sem desviar-se nem para a direita nem para a esquerda. (2 Reis 22:2)

Amom, antecessor de Josias, governou dois anos e, por ser querido pelos seus súditos e povo, foi morto pelas mãos deles. Josias, então, assumiu o trono de Jerusalém aos oito anos de idade. Possivelmente, Hilquias, o sumo sacerdote, tutelou o infante até a idade de este assumir o trono.

Fato é que Josias estava afim de uma reforma no templo de Javé. Literalmente, uma reforma. Mandou Hilquias cuidar dos pormenores e, enquanto fazia isso, seu brado (talvez tenha bradado) de "ACHEI O LIVRO DA LEI NA CASA DO SENHOR" chegou até Josias. A partir desta "novidade", outra reforma começou. Tudo e todos que não estavam ligados à Javé, foram varridos para fora do templo. E sua reforma abrangeu todo o país e vizinhança. Durou a reforma dez anos - até a morte tola e prematura de Josias. E, então, Jerusalém foi submetida a mais um rei pagão.

Uma música e dois histórias e uma aplicação!

Assim como o templo em Jerusalém precisou de uma reforma (física e espiritual), nós, como separados por Deus para ser luz no mundo, sermos o sal da Terra, precisamos de uma reforma, também, e diária. Precisamos tirar tudo aquilo que não condiz com uma atitude cristã: vícios, superstições, pensamentos turvos, etc. O pó precisa ser retirado (não acumular mãos pensamentos), o pecado deve ser confessado (para aliviar a alma e o espírito).
Precisamos dar bons frutos e, em principal, cultivar o fruto do Espírito Santo (Gálatas 5:22) em nós. Esta "Casa de Davi" - desta casa que nasceu Cristo - precisa estar arejada com o vento do Espírito e coberta com um telhado resistente e, fundamental, estar alicerçada na Palavra de Deus; e, esta foi a glória do reino de Josias: encontrar o livro da Lei e firmar o sei reinado nele.

Do mesmo modo que os três porquinhos construíram suas casas conforme a vontade de cada um, eu pergunto: como está a nossa "Casa de Davi" - o templo do Espírito Santo.

Será uma casa de palha, que tem vícios que corroem a vida espiritual cristã: que não permitem o florescimento do Fruto do Espírito. Talvez, nesta casa, a leitura da Bíblia seja negligenciada - tendo somente a Bíblia como enfeite, aberta em um salmo. Esta vida espiritual é muito precária e frágil; fácil de ser derrubada por tempestades, ou, por um simples sopro de um lobo.

A casa de madeira já é algo um pouco mais firme que a anterior. Talvez, os moradores desta casa frequentem a igreja para que todos os vejam; talvez, compartilhem "coisas de Jesus" em páginas sociais. Porém, a leitura da Bíblia em casa não importa. Para os moradores desta casa é importante manter a boa conduta somente enquanto estão no meio eclesiástico e, longe dali, tudo volta ao "normal". Mas, também, esta casa é derrubada por um sopro de lobo.

A terceira casa é diferente. Tem um alicerce bem feito, é forte e feita com dedicação e com cuidado. De forma espiritual, esta casa tem prazer em servir ao Senhor, busca um relacionamento verdadeiro com Deus e com o próximo. As pessoas que moram nesta casa confessam sua fraqueza, buscam e oferecem perdão. Seus frutos são doces e saborosos pois a terra de seus corações é fértil. Nenhuma tempestade surpreende os moradores desta casa pois a casa está bem alicerçada. O pó é varrido, o lixo não fica escondido nos cômodos, é uma casa bem iluminada; tudo o que desagradável é jogado fora.

Então, lhe pergunto, anônimo leitor, qual destas casas é a sua? E, qual destas casa você quer ser?

Se queremos ser a "casa favorita", como diz a canção, qual destas moradias devemos ser?

That's all folks!


6 de setembro de 2013

Olá, Morte ..

Antes de começar alguma coisa, preciso dizer: o texto abaixo não é um cortejo ao suicídio. ;)

Quando foi pedido um tema para o meu trabalho de conclusão de curso, eu pensei na morte. Não a morte em seu geral, mas em uma lugar específico: o paraíso.
Por pensarmos no Jardim das Delícias como algo tão lindo, perfeito(?) e harmonioso, algumas pessoas podem achar que lá não é o lugar da morte. A morte é feia, a morte lembra sofrimento, dor, angústia - e isso não combina com o Jardim de Deus.

Eu não penso assim. Eu defendo a tese que a morte no Jardim criado no Éden foi possível. Uma das questões levantadas foi a presença da Árvore da Vida (que não foi mais acessível após a queda da humanidade). Deixando de desfrutar (talvez literalmente) desta singular Árvore, o homem TEVE que morrer (Gn 2:17). É a sentença pelo crime de não cumprir uma ordem dada por Deus: não ter mais acesso à Vida plena (Gn 3:24).
Quando o mandamento foi quebrado, os olhos da humanidade se abriram e a ela ficou confusa. Houve vergonha da nudez, houve mentira, culpa etc - tudo em um mesmo "dia".

E, então, os olhos se abriram. Porém, aquilo que era para ser algo bom tornou-se o caos. Não era possível explicar as coisas ao redor - muita informação para pouco "QI".

E a Árvore da Vida ficou para trás. Essa árvore que fora responsável pela vida plena agora é um sonho bom que ficou na lembrança. E, restou a morte.

Para mim, a morte era algo bom no Jardim. Somente quando houvesse compreensão sobre a vida - seja lá como ela era ou é - o indivíduo poderia abnegar o direito de viver "para sempre" e se entregar a morte. Ela não era uma coisa ruim, mas mais uma etapa da vida. A humanidade do Jardim vivia no planeta Terra, sob o mesmo sol que nós, porém, em condições melhores. Aqui não é o céu; mas o Jardim foi um lugar repleto de bençãos para tornar a vida algo muito bom - por um longo tempo.

E a morte se tornou desespero.

Sem a compreensão sobre a morte, o ser humano viu essa etapa da vida como um castigo.
Um escritor, por quem sou apaixonada, conta em sua livro sobre um povo que buscava a vida eterna. Esse povo desconhecia, como relata o autor, a benção da morte. Morrer significa cumprir uma etapa. Morrer permite que o homem descanse do mundo.
Estou falando de JRR Tolkien e o relato em seu livro "O Silmarillion" - uma bela obra prima. Vou deixar um trecho abaixo:

"Ora, esse desejo [imortalidade] foi crescendo cada vez mais com o passar dos anos. E o numenorianos começaram a ansiar pela cidade imortal que viam ao longe; e ficou mais intenso em seu íntimo o desejo pela vida eterna, de escapar à morte e ao final dos prazeres. E quanto mais cresciam seu poder e sua glória, mais aumentava a inquietação. (...)
- Por que os Senhores do Oeste ficam lá, sentados em paz eterna, enquanto nós precisamos morrer e ir não se sabe para onde, deixando nossa casa e tudo o que fizemos? E os eldar não morrem, nem mesmo os que se rebelaram contra os Senhores? E já que dominamos todos os mares, e não existe oceano tão revolto ou tão vasto que nossos barcos não consigam transpor, por que não deveríamos ir a Avallónë e lá cumprimentar nossos amigos? (...)
- E vocês dizem que foram punidos pela rebelião dos homens, da qual pouco participaram e que é por isso que morrem. Mas a morte não foi de início estabelecida como uma punição. É por ela que vocês escapam, deixam o mundo e não estão vinculados a ele, seja na esperança, seja no enfado. Qual de nós portanto deveria invejar o outro? (...) E o Destino dos Homens, de que deveriam partir, foi de início uma dádiva de Ilúvatar. Tornou-se um pesar para eles somente porque, tendo caído sob a sombra de Morgoth, pareceu-lhes que estavam cercados por uma enorme escuridão, da qual sentiam medo. E alguns se tornaram voluntariosos e orgulhosos, decididos a não ceder, até a vida lhes ser arrancada. Nós, que suportamos a carga sempre crescente dos anos, não entendemos isso com clareza; porém, se essa mágoa voltou a atormentá-los, como vocês dizem, então tememos que a Sombra surja mais uma vez e volte a crescer em seus corações. Portanto, embora vocês sejam os dúnedain, os mais belos dos homens, que escaparam da Sombra de outrora e lutaram bravamente contra ela, nós lhes dizemos: Cuidado! A vontade de Eru não pode ser contrariada" (TOLKIEN, JRR.,O SILMARILLION, p.335 - 337, Ed. Martin Fontes, São Paulo, 2002)


Alguns esclarecimentos indispensáveis: "Morgoth", para quem leu ou assistiu (meus pêsames) a trilogia de O Senhor dos Anéis, é o "chefe" de Sauron. Morgoth ou Melkor, foi um dos Valar (seres superiores) que se revelou contra Eru.

"Eru" é o criador de Arda e dos Valar (seres imortais, habitantes de Valinor, as terras imortais).

"Avallónë" é uma das cidades mais próximas de Valinor.

Porém, ao abrir mão da presença de Deus (3:8) o homem viveu ao seu bel prazer. Afastado de Deus houve o cansaço, a fome, a fadiga, dores, mentira, assassinato. Agora, a morte mostrou a sua parte ruim. A parte onde ela não é bem vinda. Agora, o homem está a merce do mau do próximo. A vida é abandonada pela doença, tirada pela mão do próprio homem. A morte mostra sua outra face - o conhecimento que o homem não estava autorizado a ter, mas tomou para si.
Tudo, depois da queda, foi visto como ruim - ou, pelo menos, a maioria das coisas; principalmente morrer tornou-se um fardo enorme para se carregar. Ela está à espreita. Está em cada esquina esperando pelo sinal. Está no seio familiar. Está cortejando a vida e a seduzindo esperando que ela caia em seus funestos braços.

Talvez, a morte no Jardim das Delícias fosse como aconteceu com Enoque (Gn 5:24). Realmente, não faço ideia de como foi morrer no Paraíso - caso alguém tenha experimentado essa parte da existência humana. Porém, nossos olhos estão novamente abertos, pois, através de Cristo podemos ter o conhecimento que foi defeso.
Eu também defendo a ideia de que Cristo é o exemplo da perfeita entrega à morte. Apesar da aflição (Mt 26: 37 - 39) ele viu além da morte. Soube que seu sacrifício não seria em vão, que há algo além da morte e a venceu.

Acho que era isso que eu tinha a dizer. Provavelmente, farei algumas possíveis inclusões, pois é um assunto que adoro fuçar aqui e ali.

Até.

26 de julho de 2013

Mas, eu.. Mas...

"Digory fechou a boca e apertou os lábios. Seu mal-estar aumentava. Tinha esperança de que, acontecesse o que acontecesse, não choramingaria, nem faria nada ridículo.
- Filho de Adão, está disposto a desfazer o mal que fez ao meu manso país de Nárnia no dia de seu próprio nascimento?
- Só não sei o que posso fazer. Como o senhor sabe, a rainha fugiu e...
- Perguntei se está disposto? - disse o Leão.
- Estou.
Passara-lhe um segundo pela cabeça a tentação boba de responder: "Estou disposto, se o senhor prometer-me ajudar minha mãe". Mas percebeu  a tempo que o Leão não era criatura com a qual se podia fazer barganhas. Porém, quando disse "Estou", pensou na mãe, nas grandes esperanças que tivera, e em como agora elas estavam para morrer. Sentiu um nó na garganta e lágrimas nos olhos. Deixou escapar, no entanto:
- Mas, por favor, por favor...o senhor não podia me dar qualquer coisa que salvasse minha mãe?
Até aquele instante, só olhara para as patas do Leão; agora, com o desespero, olhou-o nos olhos. O que viu o surpreendeu mais do que qualquer outra coisa. Pois a face castanha estava inclinada perto do seu próprio rosto e (maravilha das maravilhas) grandes lágrimas brilhavam nos olhos do Leão. Eram lágrimas tão grandes e tão brilhantes, comparadas ás de Digory, que por um instante sentiu que o Leão sofria por sua mãe mais do que ele próprio.
- Meu filho, meu filho, eu sei. A dor é grande. Só você e eu nesta terra sabemos disso.(...)"
LEWIS, C.S. AS CRÔNICAS DE NÁRNIA: O Sobrinho do Mago. cap. 12. Ed. Martins Fontes, SP: 2010.

Eu leio e choro! Impossível, para mim, evitar o choro! Realmente, a leitura de "As Crônicas de Nárnia" toca muito a minha alma. São palavras simples, um modo delicado de falar sobre o que é realmente importante na vida cristã - na fé.

Quando li esse texto, logo lembrei de Marta e Maria chorando a morte do seu irmão, Lázaro. Desespero, talvez seja a palavra para aquilo que estavam sentindo. Esperavam que Jesus estivesse lá para evitar a morte do irmão. Esperaram por isso. Chamaram. E, a resposta para sua dor veio quatro dias depois. Lázaro já estava morto a quatro dias quando Ele foi ao encontro das irmãs. Ele não estava indiferente ao sofrimento delas (João 11:35). Ele sentiu o sofrimento de Marta e Maria e chorou com elas.

Quando Digory estava com Aslan, ele também tinha uma preocupação em mente: sua mãe doente. Ele tinha que reparar o mal que havia causado em Nárnia mas... sua mãe precisava de ajuda também. E, quando o Leão o questiona sobre sua disposição em reparar seu erro, Digory titubeia pois não sabe como um menino pode resolver a situação que ele mesmo causou. Aslan não estava preocupado em "como" mas em ouvir "sim" ou "não".  Digory aceitou mas... ainda havia sua mãe. Ele sacou que não poderia pechinchar com o Leão, então, restava aceitar. Mas...
O Leão sabia. Ele conhecia o problema de Digory. Muito mais que isso: ele sentia o sofrimento do menino.

Cristo é assim: ele não nos pergunta "como" faremos, mas se estamos dispostos a fazer:  ir e pregar o evangelho a toda criatura. E, nesse ínterim, ele não menospreza nossos problemas ou sofrimentos. Ele sabe o que nos aflige e não negligencia nossa dor. Ele não nos pede para esquecer, mas quer saber de uma coisa: "Crês tu?".

9 de junho de 2013

Boas ideias... possíveis tragédias?

E disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai.


Eu sou uma pessoa ansiosa. Gostaria de negar essa afirmativa, porém, para os poucos leitores deste blog, é impossível mentir.

Eu gostaria de dizer que sou apenas ansiosa, mas, além de ansiosa, tenho boas ideias que podem justificar minha ansiedade e falta de paciência em esperar. Exatamente como Sarai o fez. 

Não condeno Sarai, sou simpatizante com sua intensão de fazer algo em relação a outro. Você julgaria Sarai? Eu, não! Eu senti as necessidades dela, os anseios que a situação lhe dava. Não estou justificando Sarai ou a eximindo da "bagunça" que provocou. Estou tentando mostrar uma Sarai humana. 

Ok, senhor centrado, talvez eu precise explicar como eu e Sarai funcionamos. 
Não é falta de fé, é excesso de boas ideias. 

Eu espero. Porém, eu não esqueço o que estou esperando. E, enquanto espero, eu penso. Vejo a situação por ângulos plausíveis, por vias concebíveis à minha situação. Quem está envolvido? Quem será envolvido? Será "ilegal" perante a lei dos homens? 

Não condene Sarai! Ela olhou em volta e viu sua sociedade, seu status, sua própria condição. Tudo o que fez lhe foi possível e legal. 
Ela era avançada em idade = não poderia gerar filhos.
Ela era pautada por um costume = oferecer uma serva ao seu marido para gerar filhos para ele.
Ela enxergou uma oportunidade.

Ela foi humana! 

Diga-me, você nunca, como diz o ditado, trocou os pés pelas mãos? Diga-me se nunca se sentiu frustrado (a) por perceber, pouco tempo depois, que todo o seu cálculo, medida e circunstância foi em vão.

Se eu aprovo o que Sarai fez? Não! Mas eu conheço a história. Eu reli incontáveis vezes o triste fim deste episódio. Eu fui ensinada a esperar e a confiar. Eu vi, na maioria das vezes, Sarai ser condenada por pessoas que erraram como ela e usaram a mesma "fórmula" que ela usou.

Mas você já se colocou no lugar dela? Você viveu a vida dela e se viu "sem saída"? Ela fez o que fez baseada em um costume que lhe dava respaldo. Condene-a! Diga que lhe faltou fé e deixe-me perguntar-lhe: a sua nunca falhou? Você nunca tropeçou? Seu erro foi "menor"? Seu pecado foi "brando"?