21 de julho de 2010

Tranquilidade!


Faz muito tempo que eu não escrevo nada por aqui! Que vergonha!


Hoje eu quero refletir sobre uma coisa chamada "tranquilidade". Quero escrever porque senti o oposto dela durante um tempo.

Tempos atrás eu conversei com uma amiga sobre como a minha vida estava boa. Então, ela me questionou: boa ou confortável? Pensando sobre o que ela me disse eu percebi que estava confortável naquela situação. Faculdade, trabalho, igreja. Tudo bem calmo.

Foi depois dessa conversa que eu decidi assumir uma situação que não traria conforto. Com certeza eu sentiria dúvidas, medo, aflição, ansiedade: muita agitação.
Orei a respeito. Chamei pessoas para orarem comigo. Não queria tomar nenhuma decisão precipitada.

E a resposta veio.

Desde maio estou vivendo fora do meu conforto. Estou experimento situações e sensações boas e desconfortáveis. Vivo no limite das minhas emoções. E tento aprender com cada uma.

Questiono a mim mesmo se entendi a resposta de Deus, ou se estou fazendo isso por capricho.

Choro, fico com raiva e desesperada. Quero largar mão de tudo e voltar para o meu conforto. Porém, largar tudo faz eu voltar a uma vida que eu já não me identifico mais.
Minha tranquilidade foi abalada. Minha zona de conforto dissipada. Estou nua nessa situação.

Mas é nessa situação que eu sinto Deus. Na raiva que é aplacada. No choro que se torna consolo. Na noite tranquila. Sinto o Espírito Santo de Deus me movendo e me transformando.

E, daquelas vezes que penso em fugir o mais rápido que posso, eu lembro de Abraão. Não me comparo a ele, mas na confortável Ur que foi deixada para trás rumo a um lugar desconhecido.
Se me perguntar se eu sei para onde estou indo, eu digo: não sei. Se vai valer a pena: não sei. Mas eu estou mudando. Meu lado egoísta e mesquinho está sendo esmagado, e não sem dor e choro. Não é fácil abrir mão de si, não é fácil esquecer do próprio conforto para que outro se sinta confortável. Não é fácil pisar no EU que teima em ser enaltecido e lustrado.

Esses dias um professor entrou na sala de aula para cumprimentar a classe e, em uma das falas, ele citou John Wesley: "Minha paróquia é o mundo". E não podemos esquecer que o mundo não é fácil. Não é conforto da igreja onde falamos e as pessoas creditam valor. Somos feitos para sermos jogados em um lugar hostil. Somos feitos para sermos a luz e o sal. E, ao meu ver, isso é desconfortável.

Então, eu pensei na Paz que Jesus deixou (Jo. 14:23). Somos capazes de viver esta paz? Queremos ela agora? Hoje?
Eu penso na paz de Jesus como algo além desta vida. Não é uma paz do agora. Ou melhor, é uma paz do agora-ainda-não.

Penso em milhares (de cristãos) que buscam o conforto agora. O sucesso pleno nesta vida. É mais ou menos desta forma que vejo a paz de Jesus: Férias.
Trabalho o dia todo: sou contrariada, sou aceita, erro e acerto. Como, bebo. Rio e choro. Eu vivo neste período, mas ainda não é o tempo que almejo. Almejo férias. E tenho um longo período a trabalhar enquanto ela não chega.

A vida na fé é parecida: não estou aqui para tirar férias. Estou aqui para trabalhar (Ir e pregar o Evangelho); as férias (muito prolongadas e cheias de paz plena) virão. Quanto tempo? Não sei, mas Deus sabe (Salmos 139:16).

Estou aprendendo a viver fora do meu ex-adorável conforto. Estou aprendendo a confiar em Deus e não em mim e nos meus pré-conceitos.
Li um livro do C.S. Lewis (Anatomia de uma dor: um luto em observação) e ele escreveu sobre confiar em Deus quando, realmente, precisamos confiar em Deus. Ele compara isso a uma corda. Confiamos que a corda aguentará o nosso peso, porém, quando, realmente, confiar que ela o suportará, duvidamos.


Não sei se este texto faz sentido para quem o ler. Mas faz sentido para mim e meu momento.

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