26 de fevereiro de 2010

Não assisto mais filmes "evangélicos" - por Marcos Botelho

Por isso eu não tiro ele da minha lista... o cara é bom demais...



"Gosto muito de filmes, gosto de sentar e me divertir na frente de uma grande tela com um bom home theater. Dependendo da companhia, posso passar um bom tempo discutindo sobre a visão do diretor, roteiro, etc.

Um tempo atrás algumas pessoas começaram a me falar que tinha uma igreja nos Estados Unidos que estava fazendo filmes de qualidade e que eu deveria assistir. Falei não de cara, pois tenho medo que os evangélicos façam com os filmes o mercado paralelo que fizeram com as músicas.

Até que um dia alguém me emprestou um filme e pela capa pensei: Vamos lá, deve ser bom!

Mas, infelizmente, não foi nada bom. Não pela qualidade do filme, que é razoável, e nem pelas falas, que são fracas, mas pela história que, na essência, não tem a ver com o evangelho, é apenas uma repetição de um roteiro que deu certo lá fora.

O filme é a história de um treinador falido, com um carro que não presta e, que não pode ter filhos, e sei lá mais o que. Um dia ele aceita a proposta de treinar um time de futebol do colégio e tentar a sorte no campeonato importante da região.

Como todo filme, ele encontra muitos obstáculos e gente querendo derrubá-lo. Mas o diferencial é que ele decide evangelizar o time e colocar os princípios evangélicos nos garotos.

Tenho muitos amigos missionários/treinadores que trabalham com esta visão, e sei que esta estratégia é muito boa se for aplicada com discernimento e sabedoria. Pois assim como aí fora os treinadores sempre enfatizam a importância do treino e também da escola, nós, cristãos, colocamos mais uns pontos: Que um atleta completo tem que estar bem fisicamente, mentalmente e espiritualmente.

O que me irrita nos filmes “evangélicos” é que eles pegam exatamente o mesmo roteiro dos outros filmes, mas mudam a carcaça. Da garra, esperança ou sei lá o que para a religião evangélica.

No fim do filme, depois de muita luta e perseguição, pois o treinador colocou disciplinas espirituais nos garotos, eles chegam à final do campeonato em um último jogo emocionante.

E, para o meu desespero, eles ganham o campeonato de um time muito mais forte, ele ganha uma caminhonete novinha animal e, adivinha o quê mais? A esposa dele fica grávida. E os desavisados gritam aleluia!!!

Sei que filmes precisam ter final feliz, mas não é esta a lógica do reino, não foi assim que aconteceu com o mestre. Ele fez tudo certo e foi traído, abandonado e morto.

Podia sim ter um final feliz. Podia ser diferente sim, eles poderiam ter perdido aquele jogo, o treinador ter perdido a cabeça e gritado dentro de seu carro velho para os garotos que não adiantou nada. No outro dia ele indo para a escola veria um estudante que reconciliou com o pai, outro que parou de brigar na rua. Quem sabe os meninos no outro dia treinando bem cedo no campo e falando que a derrota mostrou que o jogo não é tudo e que o que aprenderam vão levar para sempre! Sei lá!

Quando encontramos Cristo não jogamos melhor futebol, nem ganhamos dos que odeiam o evangelho. Aprendemos com o mestre o valor da humildade, do amor, da ética.

Assisto muitos filmes essencialmente cristãos, que me fazem repensar a vida e que exaltam o amor e não a competição, a humildade e não a vitória. Estes eu assisto, mas os filmes denominados “evangélicos”, estes eu não assisto mais".

postado em 6.1.10

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